segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Mensagem da Semana - Lição de Vida para o Ocidente





LIÇÃO DE VIDA PARA O OCIDENTE

           A carta abaixo foi escrita por um imigrante vietnamita que é policial no Japão (Fukushima). Foi enviada a um jornal em Shangai que traduziu e publicou. Recebi essa tradução, com a nota de ter sido traduzida o mais fielmente possível ao texto original.

           Querido irmão,
           Como estão você e sua família? Estes últimos dias têm sido um verdadeiro caos. Quando fecho meus olhos, vejo cadáveres e quando os abro, também vejo cadáveres.
           Cada um de nós está trabalhando umas 20 horas por dia e mesmo assim, gostaria que houvesse 48 horas no dia para poder continuar ajudar e resgatar as pessoas.
           Estamos sem água e eletricidade e as porções de comida estão quase a zero. Mal  conseguimos mudar os refugiados e logo há ordens para mudá-los para outros lugares.
           Atualmente estou em Fukushima – a uns 25 quilômetros da usina nuclear. Tenho tanto a contar que se fosse contar tudo, essa carta se tornaria um verdadeiro romance sobre relações humanas e comportamentos durante tempos de crise.

           As pessoas aqui permanecem calmas – seu senso de dignidade e seu comportamento são muito bons – assim, as coisas não são tão ruins como poderiam. Entretanto, mais uma semana,e  não posso garantir que as coisas não cheguem a um ponto onde não poderemos dar proteção e manter a ordem de forma apropriada. 
           Afinal de contas, eles são humanos e quando a fome e a sede se sobrepõem à dignidade, eles farão o que tiver que ser feito para conseguir comida e água. O governo está tentando fornecer
suprimentos pelo ar enviando comida e medicamentos, mas é como jogar um pouco de sal no oceano.

           Irmão querido, houve um incidente realmente tocante que envolveu um garotinho japonês que ensinou  a um adulto como eu uma lição de como se comportar como verdadeiro ser humano.
           Ontem à noite fui enviado para uma escola infantil para ajudar uma organização de caridade a distribuir comida aos refugiados. Era uma fila muito longa . Vi um garotinho de uns 9 anos. Ele estava usando uma camiseta e um par de shorts.
           Estava ficando muito frio e o garoto estava no final da fila. Fiquei preocupado se, ao chegar sua vez, poderia não haver mais comida. Fui falar com ele. Ele disse que estava na escola quando o
terremoto ocorreu. Seu pai trabalhava perto e estava se dirigindo para a escola. O garoto estava no terraço do terceiro andar quando viu a tsunami levar o carro do seu pai.

           Perguntei sobre sua mãe. Ele disse que sua casa era bem perto da praia e que sua mãe e sua irmãzinha provavelmente não sobreviveram. Ele virou a cabeça para limpar uma lágrima quando
perguntei sobre sua família.

           O garoto estava tremendo. Tirei minha jaqueta de policial e coloquei sobre ele. Foi ai que a minha bolsa de comida caiu. Peguei-a e dei-a a ele. “Quando chegar a sua vez, a comida pode ter
acabado. Assim, aqui está a minha porção. Eu já comi. Por que você não come”?

           Ele pegou a minha comida e  fez uma reverência. Pensei que ele iria comer imediatamente, mas ele não o fez. Pegou a bolsa de comida, foi até o início da fila e colocou-a onde todas as outras
comidas estavam esperando para serem distribuídas.

           Fiquei chocado.  Perguntei-lhe por que ele não havia comido ao invés de colocar a comida na pilha de comida para distribuição. Ele respondeu: “Porque vejo pessoas com mais fome que eu. Se eu colocar a comida lá, eles irão distribuir a comida mais igualmente”. Quando ouvi aquilo, me virei para que as pessoas não me vissem chorar.
           Uma sociedade que pode produzir uma pessoa de 9 anos que compreende o conceito de sacrifício para o bem maior deve ser uma grande sociedade, um grande povo.
           Envie minhas saudações a sua família. Tenho que ir, meu plantão já começou.
           Ha Minh Thanh
 

           DEZ COISAS A SEREM APRENDIDAS COM O  JAPÃO
           1 – A CALMA
           Nenhuma imagem de gente se lamentando, gritando e
reclamando que “havia perdido tudo”. A tristeza por si só já bastava.

           2 – A DIGNIDADE
           Filas disciplinadas para água e comida. Nenhuma palavra
dura e nenhum gesto de desagravo.

           3 – A HABILIDADE
           Arquitetos fantásticos, por exemplo. Os prédios
balançaram, mas não caíram.

           4 – A SOLIDARIEDADE
           As pessoas compravam somente o que realmente necessitavam
no momento. Assim todos poderiam comprar alguma coisa.

           5 – A ORDEM
           Nenhum saque a lojas. Sem buzinaço e tráfego pesado nas
estradas. Apenas compreensão.

           6 – O SACRIFÍCIO
           Cinqüenta trabalhadores ficaram para bombear água do mar
para os reatores da usina de Fukushima. Como poderão ser
recompensados?

           7 – A TERNURA
           Os restaurantes cortaram pela metade seus preços. Caixas
eletrônicos deixados sem qualquer tipo de vigilância. Os fortes
cuidavam dos fracos.

           8 – O TREINAMENTO
           Velhos e jovens, todos sabiam o que fazer e fizeram
exatamente o que lhes foi ensinado.

           9 – A IMPRENSA
           Mostraram enorme discrição nos boletins de notícias. Nada
de reportagens sensacionalistas com repórteres imbecis. Apenas
reportagens calmas dos fatos.

           10 – A CONSCIÊNCIA
           Quando a energia acabava em uma loja, as pessoas
recolocavam as mercadorias nas prateleiras e saiam calmamente.

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